Como atividade em sala de aula, foi-nos dada a oportunidade de assistirmos ao Filme “O Sorriso de Monalisa”, protagonizado pela atriz Julia Roberts, em que o tema central é a vida de uma professora de História da Arte, recém chegada da Califórnia, que ao se estabelecer em um colégio só de moças, dá início a um movimento considerado subversivo para os padrões da época, quando coloca em xeque o papel da mulher na sociedade. Sobre o filme é bom que façamos alguns comentários que julgo de relevância para a nossa Disciplina, bem como para os dias atuais:
O SORRISO DE MONALISA
A estória se passa em uma da mais conceituadas escolas da época, em meio a uma sociedade tradicionalíssima, em que as mulheres eram formadas unicamente para exercerem o papel de donas de casa, ou seja, casar-se, ter filhos e respeitar os padrões de honra e moralidade impostas naquele tempo. Às mulheres não era permitido expressarem seus sentimentos, suas idéias, muitos menos discutirem assuntos que pudessem contrariar os preceitos criados e replicados de geração em geração.
Antes de apresentarmos comentários sobre as tendências identificadas no filme, é válido destacarmos o comportamento de alguns personagens que nos levam a uma reflexão quanto à postura do mestre e professor. Conforme vimos, havia os professores que se sentiam bem executando o programa apresentado pela escola, assim como aqueles que sabiam que algo precisava mudar, mas que não faziam nada, por achar cômoda tal situação. Outro comportamento que requer uma avaliação crítica, principalmente por ferir princípios éticos da docência, diz respeito ao fato do professor vir a se envolver com seus alunos, extrapolando os limites físicos da instituição acadêmica.
Quanto às tendências identificadas no filme, existem duas, perfeitamente claras, são elas a tradicional e a progressista. A tendência tradicional é facilmente identificada na família, na sociedade e na escola, que exigem uma educação voltada aos princípios tradicionalmente machistas, nos quais a mulher é definida como uma boa dona de casa, preparada para criar filhos e cuidar do marido. Nesse contexto, a mulher não poderia crescer intelectualmente, pois a sua jornada não prosperava até a universidade, não existiam sonhos, desejos, nem perspectivas de um saber universalizado, sua trajetória intelectual chegava ao final com a conclusão de um saber predeterminado pela sociedade da época. Discutir sobre temas que evolviam a sexualidade, política, economia ou qualquer outro assunto, era um tabu que alijava qualquer possibilidade de crescimento, pois estes assuntos só poderiam ser discutidos pelos homens, os únicos que tinham o direito a almejar uma carreira promissora.
A educação é ensinada levando-se em consideração a opressão dos estudantes diante da metodologia aplicada, que vinha desde a família até a estrutura de ensino, transformando as alunas em receptoras passivas, sem capacidade para questionar o meio e as práticas de ensino apresentadas.
A outra tendência é a progressista, sendo perfeitamente incorporada pela Professora Katherine Watson (Julia Roberts) que teve seu currículo aprovado pela escola, mas que, na prática, adotava uma metodologia de ensino voltada para uma relação direta da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado, imposto pela escola.
Em sua metodologia o aluno é estimulado a questionar o meio em que vive, baseado nas estruturas cognitivas disseminadas entre as alunas. A didática utilizada pela professora provocou um choque entre as duas tendências (Tradicional x Progressista), pois, a forma de expor suas aulas trazia às alunas uma reflexão do meio e de suas crenças, que se viam ameaçadas com enfoques diferentes do que haviam assimilado na escola e na sociedade. Outra característica da tendência pedagógica progressista que ficou marcada no filme foi quando a professora realizou uma aula fora do ambiente escolar, provocando nas alunas o estimulo ao pensamento crítico para analisar e expor a idéia do que, em sua concepção, viam naquela tela, ou seja, extrapolar os limites impostos quanto ao pensamento em sala de aula, para uma expressão do sentimento frente ao entendimento do que o autor conseguiu mostrar.
Os conflitos sempre existiram, contudo a professora conseguiu, ao longo do filme, superá-los, inclusive levando, a principal crítica do seu método a identificar e refletir sobre o sistema arraigado na sociedade e na escola, tornando-a aliada.
Um fato relevante que marcou o filme é a pré-disposição das alunas em buscarem o conhecimento mais aprofundado sobre temas que lhes interessavam, sendo isso, uma característica inerente de todo ser humano, denominado como “perfil do caçador ativo”, e que por diversos motivos encontrava-se adormecido naquelas mulheres.
Por fim, como ponto central do filme, podemos destacar a importância do professor como formador de opinião no processo de aprendizado, proporcionando ao aluno, não só o conhecimento, mas o censo crítico do saber, para expor suas próprias opiniões, dentro e fora do ambiente escolar, no contexto em que vive, como forma de ampliar os conhecimentos e revolucionar o ensino. Não se deixar levar pelo comodismo, tendo sempre em mente o compromisso e responsabilidade com o futuro da educação, é condição, sine qua non, para um mundo melhor.
Hélio Silva
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